momento decisivo
27 min
Golaço
Emerson
recebe de Paulinho livre na área, domina e, consciente, coloca a bola
no ângulo esquerdo de Rafael. Sem chance para o goleiro: vantagem
corintiana.
arbitragem
Uma expulsão
Marcelo de Lima Henrique
Sheik
foi o único punido com cartão vermelho pelo árbitro em jogo de lances
difíceis. Os times pediram pênaltis, Neymar fez falta feia e Castán
reclamou demais.
estatística
Faltas
Neymar
Atacante
voltou a ser o mais faltoso do Santos em uma partida: cometeu quatro
infrações e recebeu apenas três, mesmo número do amigo Ganso.
Se
corintianos e santistas pudessem fazer um pedido, iriam querer uma
máquina do tempo para acelerar a próxima semana. Não interessa o que
será dos times na próxima rodada do Campeonato Brasileiro, os números da
Megasena ou tampouco se Tufão vai perdoar Carminha em Avenida Brasil.
Depois da vitória do Corinthians por 1 a 0 sobre o Santos, na Vila
Belmiro, cada segundo será uma eternidade até quarta-feira.
Os
fiéis não veem a hora de confirmar o que parece evidente desde o ano
passado: um time quase intransponível em sua defesa, dedicado no meio de
campo e calculista no ataque, obediente à regência de Tite. De poder
comemorar a classificação no Pacaembu lotado e transbordando esperança
de chegar pela primeira vez à final da Libertadores.
E os
santistas? Quantas vezes não olharão no relógio à espera de que o
futebol encantador dos últimos anos reapareça? Ansiosos por voltarem a
ver Neymar em seus melhores dias, Ganso totalmente recuperado, e
confiantes de que o Pacaembu, apesar de tomado pelos adversários, seja
inspirador como em 2011, quando foi palco do tricampeonato.
O
primeiro tempo da decisão teve ingredientes apimentados: golaço,
expulsão, empurrões, grandes defesas, nervosismo e até queda de energia.
Tático,
o Timão seguiu roteiro desenhado por Tite: pressionar o rival em seu
campo, trocar passes, fazer o gol fora de casa e se fechar à espera de
um contra-ataque fulminante. Sheik revelou que o comandante pediu
marcação dobrada no "danado". O "danado" era Neymar. Antes do jogo, o
"danado" fez afagos em Alex, Jorge Henrique... Em campo, com moicano em
nova versão, trombou com Jorge Henrique, bateu em Leandro Castán e
apanhou de Sheik, que foi expulso e fará falta na quarta-feira.
No
Pacaembu, o Corinthians jogará por um empate para chegar à decisão
contra Boca Juniors (ARG) ou Universidad (CHI). Já o atual campeão
precisa de uma vitória. Se for 1 a 0, a vaga será disputada nos
pênaltis. Qualquer outro placar favorável ao Santos colocará o time na
final pela quinta vez.
Casa de quem?
Vila
Belmiro? Tanta demora para o Santos definir o estádio da primeira
semifinal e foi o Corinthians quem passeou pelo gramado como se
estivesse no quintal de sua casa. O anfitrião parecia disputar um treino
coletivo, enquanto o visitante jogava a semifinal da Taça Libertadores.
Sem pedir licença, o Timão preencheu o campo ofensivo com atletas de
meio e ataque. Com espaço, trocou passes e usou bem Danilo como homem
mais adiantado. Inteligente, ele fez a linha formada por Jorge Henrique,
Alex e Sheik participar o tempo todo.
Nada podia ser mais
emblemático do que o Peixe, com Neymar, o melhor jogador do Brasil em
campo, apelar para cruzamentos da intermediária. Elano parecia ter a
incumbência de treinar Cássio. Primeiro bateu falta em suas mãos. Depois
insistiu em levantar a bola na área, em tentar furar a melhor defesa da
Libertadores com um estilo de jogo repetitivo ao qual Muricy Ramalho
tem o hábito de recorrer em momentos decisivos.
O som dos apitos
dos 14.788 pagantes da nação santista atrapalhava mais do que a marcação
do meio em campo. Tanto que Paulinho, sempre decisivo, tabelou em seu
campo, recebeu, caminhou, contou com a admiração de Adriano, Arouca,
Elano e Ganso e rolou para Emerson. Com a nobreza de um sheik, o camisa
11 colocou a bola no ângulo de Rafael.
"Agora quem dá a bola é o
Santos". Finalmente o hino se fez presente na Vila. O Peixe, que via o
Corinthians jogar, contou com o recuo do adversário e passou a ter mais
posse de bola. Terminou o primeiro tempo com 56% contra 44% do Timão.
Mas voltou a mostrar incapacidade de criar. Outro sinal de que havia
algo errado: Neymar desapareceu e Adriano construiu. Passou para Juan,
que rolou para Elano finalizar. A intransponível zaga de Tite
interceptou seu chute e o de Alan Kardec.
Neymar aceso, Vila apagada
Muricy
ousou. Com Borges no lugar de Elano, passou a ter três atacantes, mas o
meio de campo, setor em que levava grande desvantagem com Arouca e
Ganso sem ritmo após voltarem de lesões, continuou sendo o principal
problema.
Compacto em seu campo de defesa, o Corinthians quase
colocou a mão na vaga quando Emerson colocou a bola à frente de Durval e
invadiu a área. Cansado, encurtou a passada e esperou o choque do
zagueiro para cair. Quem não caiu foi o árbitro Marcelo de Lima
Henrique. Seguiu o jogo.
Ganso estava mais ativo. Um bom passe
para Juan, outro para Henrique, mas nenhum daqueles "de Ganso". Faltou
também ao camisa 10 chutar mais a gol. Aliás, quem tentou a finalização,
esbarrou num Cássio que revelou segurança, posicionamento preciso e
elasticidade em saídas de gol e finalizações de Durval e Borges.
O
clima morno, favorável ao Corinthians, mudou quando Neymar apareceu.
Primeiro fez falta dura em Leandro Castán e recebeu amarelo. No lance
seguinte, foi derrubado por Sheik, e cavou a expulsão do atacante, que
já tinha cartão. O tempo fechou. A torcida se inflamou. O Peixe criou
suas melhores chances. A luz acabou!
Tempo suficiente para Muricy
deixar o Santos ainda mais ofensivo e Tite retrair sua equipe, com um a
menos em campo. Após 18 minutos de paralisação, a luz voltou a iluminar o
estádio, mas não as cabeças e pés dos jogadores do Santos. Nem os de
Neymar, recordista de passes errados em campo: oito.
O tempo passou e o Corinthians festejou. Meia missão cumprida.
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